segunda-feira, 9 de julho de 2012

Paixão.

- Paixão... Resoluta, febril, complicada, curta e eterna, daquele tipo que nos faz esquecer tudo ao redor com apenas um olhar.
- Acho que está a delirar, querida irmã.
- Não irmão, és tu que não entendes. Imagine querer alguém com a força de cem oceanos, estar disposto a viver mil vidas com a mesma pessoa.
- Ninguém vive mil vidas...
Por mais que Alma tentasse esclarecer um pouco sobre paixão para o irmão, ele não entendia. Preferia acreditar na realidade que estava ao seu redor, àquela realidade que a igreja do século XV dizia ser a correta.
- Por ele eu viveria mais de mil vidas. – Terminou de arrumar seu casaco e colocou o capuz sobre a cabeça, estava pronta para encontrá-lo, aquela seria a noite mais especial, ela se entregaria para ele.
- Não esperes por mim querido irmão!
Passou despercebida pela casa, ele estava esperando-a na porta dos fundos, o vestido azul contrastava com a escuridão que a cercava.
- Senti sua falta. – Sussurrou ela, indo ao encontro dele.
- Eu sei minha pequena. – Ele tinha todo o controle sobre ela e usava deste poder de sedução. Levou-a até o salgueiro, naquela noite ele iria desfrutar de tudo o que ela tivesse para oferecer.
- Espero que entenda o risco.
- Não me importo.
- Se este é o destino que queres... – Ele tentava, sempre tentava. Mas elas nunca escutavam. – Me beije.
Antes que pudesse se controlar, Alma se atirou nos braços dele. A atração que ele exercia era mais forte que os ventos do oeste, mas algo estranho estava acontecendo... Ela se sentia franca, como se sua energia vital estivesse sendo sugada naquele beijo.
- E com um beijo tiro-lhe a vida. – Ele acariciou o cabelo negro dela, uma garota bonita que agora estava morta.
- Garotas... Sempre procurando por seu príncipe encantado, iludidas pelo amor eterno, seduzidas pela beleza. Ingênuas, mas que propiciam uma boa refeição!

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